terça-feira, maio 25, 2010

[oh no] it's raining again


...it's raining again / Oh, will my heart ever mend. / You're old enough some people say / To read the signs and walk away. / It's only time that heals the pain / And makes the sun come out again. / It's raining again (...) Oh no, it's raining again / Too bad I'm losing a friend...
It's raining again - Supertramp

segunda-feira, maio 24, 2010

[do meu estado] color esperanza

Foram precisos muitos quilómetros, ir e estar lá, para perceber o verdadeiro sentido do já tão gasto testemunho "recebe-se muito mais do que aquilo que se dá". 
Hoje posso dizer que é verdade e que estas palavras também já se gastam comigo.
Numa altura em que se apela tanto à esperança paciente das pessoas em geral e dos que são obrigados a suportar o tantas vezes insuportável em particular, sublinho estas palavras daqui:

Esta palavra esperança, com maiúscula ou sem ela, o melhor é riscá-la do nosso vocabulário. Só os exilados e os desterrados que se conformaram com o desterro e o exílio a devem usar, à falta de melhor. Dá-lhes consolo e alívio. Os não conformados têm outra palavra mais enérgica: vontade.
Eu não sabia o que era a Esperança. Não sabia porque não a tinha experimentado ainda. Sabia o que era desejar muito, querer muito, torcer muito. Sabia erguer as mãos juntas. Sabia o que era a Fé e sabia acreditar independentemente de tudo quando isso me era possível. Mas Esperança é uma coisa diferente. Esperança é uma cor. Não é bem uma cor. Esperança é a tonalidade da cor. É o que faz a diferença no quadro! E isto aprendi-o lá, na saudosa Lwena: que a Esperança nasce numa sala, à luz de um gerador, que já noite caída se acende para os ensaios da coreografia para a festa de D. Bosco. E que a Esperança é uma música. E uma dança, uma coreografia ensaiada ao fim da tarde com risos e sorrisos que por se ouvirem largos da felicidade enquanto se deambula pelas ruas da pacífica Lwena convidam a entrar para se demorar neles. Que Esperança é a certeza de se pertencer a algum sitio, a alguma coisa, a Alguém. E são jovens de Lwena como eu de Ílhavo, com quem se está de igual para igual e Esperança está no gesto de oferecer uma gasosa, voltar a calçar o chinelo para cada um regressar à miséria que é cada casa - e quantas vezes me foi dificil encaixar que aqueles jovens inteligentes, empenhados, divertidos iam voltar às casas por onde eu tinha andado durante o dia, para jantarem funge se houvesse funge, e dormirem num dos cantos da casa de adobe mas onde, veja-se lá, mora a Esperança! 

De que cor é a tua Esperança?



Sé que hay en tus ojos con solo mirar / que estas cansado de andar y de andar / y caminar girando siempre en un lugar / Sé que las ventanas se pueden abrir / cambiar el aire depende de ti / te ayudara vale la pena una vez más / Saber que se puede querer que se pueda / quitarse los miedos sacarlos afuera / pintarse la cara color esperanza / tentar al futuro con el corazón / Es mejor perderse que nunca embarcar / mejor tentarse a dejar de intentar / aunque ya ves que no es tan fácil empezar / Sé que lo imposible se puede lograr / que la tristeza algún día se irá / y así será la vida cambia y cambiará / Sentirás que el alma vuela / por cantar una vez más / Vale más poder brillar /Que solo buscar ver el sol / Sé que lo imposible se puede lograr / que la tristeza algún día se irá / y así será la vida cambia y cambiará / Sentirás que el alma vuela / por cantar una vez más / Vale más poder brillar / Que solo buscar ver el sol

quarta-feira, maio 05, 2010

"(...) e estai sempre prontos a responder (...) a todo aquele que vos perguntar a razão da vossa esperança" 1 Ped 3, 15

Fátima Jovem 2010. Não há fotos, não há textos mas precisava tanto que poderia escrever isto outra vez.

Na terça-feira dei por acaso com a Aura Miguel a apresentar "As razões de Bento XVI" na Fnac do Colombo. Sentei-me e ouvi para me convencer a dar os 9,90€ que o livro custa. E se habitualmente me chateia dar muito dinheiro por livros fininhos (o meu inconsciente estabeleceu uma relação um bocado forçada entre a espessura de um livro e o preço a pagar por ele) desta vez foi diferente. Veio a calhar, não desinteressadamente, de certeza, mas veio a calhar.
A propósito da vinda do Santo Padre a este belo jardim à beira-mar plantado também eu me sinto na obrigação barra necessidade de esclarecer e iluminar as ideias e opiniões a ver se não vou nos rebanhos. E o piqueno livro é isso mesmo. Um resuminho (inho, inho...) do pontificado de Bento XVI salteado aqui e ali com um ou outro episódio, digamos que mais descontraído, que aproxima quem quer da pessoa por detrás do Papa.
Isto tudo para dizer que enquanto esperava numa fila vi um rapaz dos seus 18 anos, risonho, bem parecido, descontraído, e do tipo que eu noutra circunstância que não aquela consideraria tipicamente lisboeta, que é o mesmo que dizer com-a-mania-a-parecer-roçar-o-extremamente-mimado (perdão pela sinceridade) a aproximar-se do padre Edgar Clara, porta-voz do Patriarcado de Lisboa e membro da Comissão para a Comunicação da visita do Papa Bento XVI a Portugal, que moderava a apresentação do livro: "Padre Edgar, preciso de lhe dizer duas coisas!" dizia o rapaz, "Então?" disse o padre. "Primeiro, quero confessar-me...".
 A segunda coisa eu já não ouvi não porque não conseguisse mas porque aquele "quero confessar-me" ficou a ressoar por um bom tempo na minha cabeça. E muito mais não digo.

Não consigo não ter esperança no Mundo e nos Homens e não consigo deixar de responder a todo aquele que me pergunta a razão dessa esperança, como pedia São Pedro, o primeiro Papa.