E foi Dezembro - Luis Represas
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E foi Dezembro. Dito em tua voz. Que as minhas mãos colheram devagar. E foi Dezembro. Escrito quando a sós tudo disseste quase sem falar. Foi um palco vazio a acontecer. No frio que se ergueu dentro de nós. Uma distância. O mar que se estendeu. A separar da minha a tua mão. E foi Dezembro. Inteiro. A anunciar a solidão dos dias por nascer. E foi Dezembro. À chuva. A reviver as pedras. E os rios. E os luares. Os nomes que vestiam os lugares. E os sonhos repartidos que não fomos. A coragem nascida de aceitar a verdade de ser o que hoje somos. E foi Dezembro. Vivo na roseira. Despida no silencio do jardim. E foi Dezembro. Ainda na cegueira das asas de uma ave que há em ti. Foi um tempo de amantes a aprender que não deve esquecer-se o verbo amar. Ou um inverno. Apenas. A perder-se da primavera do primeiro olhar.
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(Doze passas por doze não escusados Dezembros em 2008!)