domingo, maio 25, 2008

Por Te revelares.

Há um Deus e um Cristo que nas palavras brancas de tão puras e sinceras dele são amor e sentido para a Vida que se revelam nele mesmo que é o miúdo que há entre quarenta e um de Espírito Santo ainda fresco que não baixa os olhos que se levanta e se chega à frente para responder à provocação do bispo e que sem que a voz lhe trema por um instante que seja diz que Tu és o Amor que és o Perdão que és a infinita possibilidade de se voltar atrás para se fazer bem feito com os olhos postos em Ti exemplo da maior das entregas e então nele para nós...




...revelas-Te!

domingo, maio 18, 2008

Hum... escolho...

"Nada te espanta, nada te encanta, nada te tomba ou te levanta, sem passar dentro de ti."

"Tu és a escala, a mão que embala. Tomas bem conta de ti. Tu és a escala, a mão que embala. Tens um rumo a seguir."

"E nada te atrasa, nada te arrasa, nem que no céu percas uma asa. Vais pegar de novo em ti."


Sobre Jorge Cruz:

Nasci na Praia da Barra, no seio de uma família descendente de padeiros e guardas fiscais. O meu pai era treinador de futebol e a minha mãe cozinheira de chanfanas. Fiz a escola primária num colégio de freiras onde fui introduzido à fé e à religião. Aos fins-de-semana visitava militantes do PRP na prisão de Custóias. Com 10 anos, parti para Angola. Estudei na Escola dos Flamingos Cor-de-Rosa, Lobito, Benguela. Fui aprendiz de pesca em mar-alto sob vigilância de militares cubanos. Iniciei o treino em ginástica desportiva com o campeão mundial russo Lev Smedianov, embora a composição de refrões pop tenha afectado o meu rendimento. De regresso a Portugal, e já depois da morte de José Afonso, vivi na Charneca da Caparica, escrevi letras de hip-hop e formei um duo com o guitarrista Rui Jorge Abreu. Aos 15 anos, voltei à Praia da Barra onde celebrei casamento com uma jovem fotógrafa praticante de body-board. Fui basquetebolista. Li os existencialistas e formei o power-trio Superego que gravou em 1998 o disco "Quem Concebeu o Mundo Não Lia Romances" aclamado pela crítica por ter capa sépia. Ao vivo os Superego abriram para Sérgio Godinho e Jorge Palma e podem ser acusados de ter interrompido músicas para baixar do palco e participar em rixas. Com o segundo disco "A lenda da Irresponsabilidade do Poeta" (2001) fecharam a sua história inscrita num manifesto cómico-radical que não lhes granjeou amizades. Pelo meio editei 300 exemplares de canções acústicas gravadas em cassete baptizadas de "O Pequeno Aquiles". Licenciei-me em psicologia. Assinei os papéis de divórcio e fui tocar nas ruas de Barcelona e Santiago de Compostela. Estagiei com o músico guineense Oli Silva. Formei uma Fanfarra de música tradicional portuguesa de fusão. Dormi na Lagoa do Fogo e ouvi o "Time Out Of Mind". Fui investigador na Universidade do Porto, àrea de feminismo e psicologia política. Em 2003, gravei o álbum "Sede" que viria a ser editado pela NorteSul. Dediquei-me à escrita de short-stories e romances de amor. Na primavera de 2006, formei 4 bandas e fui para a Sra. da Hora gravar "Poeira", colecção de 11 canções que conta com a colaboração de alguns dos músicos portugueses de minha predilecção nas áreas do rock, jazz, reggae e música tradicional. Esperei pelo S. João para me despedir dos hospitais portuenses e mudei-me para Lisboa onde me iniciei nas profissões de bartender, porteiro e ensaísta. Sou Jorge Cruz, 32 anos, vagabundo amador, alquimista, escritor de canções.

http://www.myspace.com/jorgecruzpoeira

sexta-feira, maio 16, 2008

(sonhei)

"A noite passada um paredão ruiu
pela fresta aberta o meu peito fugiu
estavas do outro lado a tricotar janelas
vias-me em segredo ao debruçar-te nelas
Cheguei-me a ti disse baixinho "olá"
toquei-te no ombro e a marca ficou lá
o sol inteiro caiu entre os montes
e então olhaste depois sorriste
disseste "ainda bem que voltaste."

Sérgio Godinho


domingo, maio 11, 2008

Da razão de haver pardais no lugar de andorinhas, nas traves do alpendre, este ano.

Quisesse o tempo criar-te um espaço que se abrisse só com a intenção de te trazer para dentro da minha casa, como se fosses o desconhecido mais confiável que passa a esta hora da (minha) noite. Porque tenho para mim - que vou sendo com tempo - que do tempo que nos cabe só arrecadamos realmente os desconhecidos certeiros que convidamos para o nosso lar. Se os sentamos à mesa que temos no canto que é o mais agradável, se lhes damos a beber o melhor chá onde ensopem as melhores bolachas, com a manta mais quente sobre os joelhos, fazemos dos piores acasos os nossos mais ilustres hóspedes.
Há que impedir-lhes a entrada. Correr com eles, se for preciso.
Ainda que com o Tempo passem à nossa porta, de braço dado, o Medo com a Angústia, atrás de quem sigam a Desilusão e o Desencanto, envaidecidos de sua Tristeza, havemos de apressar-nos a apresentar-lhes o Amor, o Entusiasmo e a Alegria, que estarão para surgir no outro passeio da estrada e que seguem, de mãos dadas, para despachá-los sem lhes darem tempo. E hão-de vencer-se discórdias no tempo que dura estender um sorriso na boca. Crê quando digo que hão-de vencer-se guerras nas notas dos nossos risos.
Se soubermos onde guardámos as chaves que abrem as portas, se as portas abertas disserem da nossa entrega, se o tempo que entrar sacudir os pés e carregar para dentro os momentos em que construímos verdadeiramente, seremos os melhores moradores de nós mesmos, anfitriões da mais bela festa.