Foram precisos muitos quilómetros, ir e estar lá, para perceber o verdadeiro sentido do já tão gasto testemunho "recebe-se muito mais do que aquilo que se dá".
Hoje posso dizer que é verdade e que estas palavras também já se gastam comigo.
Numa altura em que se apela tanto à esperança paciente das pessoas em geral e dos que são obrigados a suportar o tantas vezes insuportável em particular, sublinho estas palavras daqui:
Esta palavra esperança, com maiúscula ou sem ela, o melhor é riscá-la do nosso vocabulário. Só os exilados e os desterrados que se conformaram com o desterro e o exílio a devem usar, à falta de melhor. Dá-lhes consolo e alívio. Os não conformados têm outra palavra mais enérgica: vontade.
Eu não sabia o que era a Esperança. Não sabia porque não a tinha experimentado ainda. Sabia o que era desejar muito, querer muito, torcer muito. Sabia erguer as mãos juntas. Sabia o que era a Fé e sabia acreditar independentemente de tudo quando isso me era possível. Mas Esperança é uma coisa diferente. Esperança é uma cor. Não é bem uma cor. Esperança é a tonalidade da cor. É o que faz a diferença no quadro! E isto aprendi-o lá, na saudosa Lwena: que a Esperança nasce numa sala, à luz de um gerador, que já noite caída se acende para os ensaios da coreografia para a festa de D. Bosco. E que a Esperança é uma música. E uma dança, uma coreografia ensaiada ao fim da tarde com risos e sorrisos que por se ouvirem largos da felicidade enquanto se deambula pelas ruas da pacífica Lwena convidam a entrar para se demorar neles. Que Esperança é a certeza de se pertencer a algum sitio, a alguma coisa, a Alguém. E são jovens de Lwena como eu de Ílhavo, com quem se está de igual para igual e Esperança está no gesto de oferecer uma gasosa, voltar a calçar o chinelo para cada um regressar à miséria que é cada casa - e quantas vezes me foi dificil encaixar que aqueles jovens inteligentes, empenhados, divertidos iam voltar às casas por onde eu tinha andado durante o dia, para jantarem funge se houvesse funge, e dormirem num dos cantos da casa de adobe mas onde, veja-se lá, mora a Esperança!
De que cor é a tua Esperança?
Sé que hay en tus ojos con solo mirar / que estas cansado de andar y de andar / y caminar girando siempre en un lugar / Sé que las ventanas se pueden abrir / cambiar el aire depende de ti / te ayudara vale la pena una vez más / Saber que se puede querer que se pueda / quitarse los miedos sacarlos afuera / pintarse la cara color esperanza / tentar al futuro con el corazón / Es mejor perderse que nunca embarcar / mejor tentarse a dejar de intentar / aunque ya ves que no es tan fácil empezar / Sé que lo imposible se puede lograr / que la tristeza algún día se irá / y así será la vida cambia y cambiará / Sentirás que el alma vuela / por cantar una vez más / Vale más poder brillar /Que solo buscar ver el sol / Sé que lo imposible se puede lograr / que la tristeza algún día se irá / y así será la vida cambia y cambiará / Sentirás que el alma vuela / por cantar una vez más / Vale más poder brillar / Que solo buscar ver el sol
4 comentários:
Esperança é também o nome de uma mamã, do meu Sambizanga, que não se cansava de agarrar e segurar a minha mão,como se eu fosse fugir...ela dizia sempre que me via " Meu nome é Esperança! Esperança tem Fé! Esperança diz que a mana tem de ter Fé também! Os homens e mulheres precisam de ter Fé...e Esperança!"-Obrigada por me "puxares" para ela! ;)
ti gostu com saudades!
Que bom que é saber que vais passando aqui pelo estaminé! Como isso nos aproxima apesar das distâncias e dos desencontros. Obrigada! =) *
Bem...
Olá Sara. Adorei o texto...e pôs-me a pensar..."...para jantarem funge se houvesse funge, e dormirem num dos cantos da casa de adobe mas onde, veja-se lá, mora a Esperança! "...
Ficarei a pensar nisto.
Beijo
Deixo um beijo na Espera do reencontro!
João Alves
(Espero um café!)
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