Vá, não resistas! Quero sentar-te neste banco e abrir-te o jogo.
Fazer um trinta-e-um, dar voltas e cambalhotas no discurso e acabar a dizer-te o que tenho que te dizer.
Começar por esclarecer que há coisas que não se escolhem e que a persistência com que permanecem já me incomoda. Depois, talvez fazer aquele silêncio incessante que me e te aflige. Porque não sou de encadear palavras a fio e essa arte reserva-la tu. E se, entretanto, conseguir emitir mais um vocábulo que seja, mesmo que a medo, diriei que havendo coisas que não se escolhem, também há coisas que não se cobram. Para te dizer que só quero o que queres e aí entra o que sei que não queres.
Mais ainda. Contar-te do esforço infrutuoso, que juro pelos blocos de betão deste caminho, que faço. Mas havendo lutas que não se escolhem, também as há que, cobardemente, não se travam, na infalibilidade da derrota.
Não vou exigir nada para além do tempo suficiente que dê para implorar a tranquilidade do delírio responsavelmente contraído.
Nem sequer me estenderei nas palavras. Se não tenho o engenho de ir fazendo crescer o que digo, presunçosa também não darei tempo ao sol de se pôr e de deixar antever um céu escuro crivado de estrelas e de outros astros passíveis de cairem e de arrastarem com eles os pensamentos que desejava não desejar mas que me vêm à mente, essa inconfidente nos momentos preciosos. Quando damos por eles já se soltaram e rodopiam impacientemente em torno da nossa cabeça para seguirem até onde haja quem os avalie, pondere e concretize. Não. Não tenho mão nesses retalhos e já aqui perdi demais.
Talvez, com sorte, o céu esteja cerrado de nuvens carregadas e faça nevoeiro e frio e eu não tenha que reter na íris o precipitado de astros luzentes. Ou talvez quisesse mesmo as estrelas e o céu limpo para as ver morrer. Mas sem se perderem, entretanto.
Possivelmente, ia querer, então, vê-las cair, seguir-lhes atentamente o rasto com o meu indicador seguro entre o teu indicador e o teu polegar, até que elas rasassem o mar e sucumbissem sem deixarem tristeza. Demoradamente. No curto espaço medido entre os dois primeiros dedos da mão. Saberia, assim, com certeza, que os desejos já não moravam mais em mim para ficarem bem entregues à sacralidade deste sítio.
Mas já não sei o que digo. Talvez disso venha a urgência de sentar-te neste banco e abrir-te o meu jogo. Depor as minhas cartas, revelar os truques, as jogadas e as que estão, conscientemente, perdidas nas mangas, nos bolsos, nos colarinhos. Esperar e desesperar pelo mesmo dessa parte. E, depois, concluir que nenhum de nós detém os trunfos e que é no baralho que sobejam as copas.
Vá, não resistas! Por uma primeira vez, ainda que seja a última, deixa-te conduzir, até por sítios que já conheces, e permite-me que te sente neste banco e que te abra o jogo. Tens uma imensidão de espaço para perderes o olhar, a atenção, o sentido, as minhas razões. Não precisas nem de escutar. Já me perdi no tempo com exigências. Somente ouvir e acenar “que sim”. Até pensando “que não”.
E, então, convenceres-me de que vale a pena.
Mesmo sem valer.
Fazer um trinta-e-um, dar voltas e cambalhotas no discurso e acabar a dizer-te o que tenho que te dizer.
Começar por esclarecer que há coisas que não se escolhem e que a persistência com que permanecem já me incomoda. Depois, talvez fazer aquele silêncio incessante que me e te aflige. Porque não sou de encadear palavras a fio e essa arte reserva-la tu. E se, entretanto, conseguir emitir mais um vocábulo que seja, mesmo que a medo, diriei que havendo coisas que não se escolhem, também há coisas que não se cobram. Para te dizer que só quero o que queres e aí entra o que sei que não queres.
Mais ainda. Contar-te do esforço infrutuoso, que juro pelos blocos de betão deste caminho, que faço. Mas havendo lutas que não se escolhem, também as há que, cobardemente, não se travam, na infalibilidade da derrota.
Não vou exigir nada para além do tempo suficiente que dê para implorar a tranquilidade do delírio responsavelmente contraído.
Nem sequer me estenderei nas palavras. Se não tenho o engenho de ir fazendo crescer o que digo, presunçosa também não darei tempo ao sol de se pôr e de deixar antever um céu escuro crivado de estrelas e de outros astros passíveis de cairem e de arrastarem com eles os pensamentos que desejava não desejar mas que me vêm à mente, essa inconfidente nos momentos preciosos. Quando damos por eles já se soltaram e rodopiam impacientemente em torno da nossa cabeça para seguirem até onde haja quem os avalie, pondere e concretize. Não. Não tenho mão nesses retalhos e já aqui perdi demais.
Talvez, com sorte, o céu esteja cerrado de nuvens carregadas e faça nevoeiro e frio e eu não tenha que reter na íris o precipitado de astros luzentes. Ou talvez quisesse mesmo as estrelas e o céu limpo para as ver morrer. Mas sem se perderem, entretanto.
Possivelmente, ia querer, então, vê-las cair, seguir-lhes atentamente o rasto com o meu indicador seguro entre o teu indicador e o teu polegar, até que elas rasassem o mar e sucumbissem sem deixarem tristeza. Demoradamente. No curto espaço medido entre os dois primeiros dedos da mão. Saberia, assim, com certeza, que os desejos já não moravam mais em mim para ficarem bem entregues à sacralidade deste sítio.
Mas já não sei o que digo. Talvez disso venha a urgência de sentar-te neste banco e abrir-te o meu jogo. Depor as minhas cartas, revelar os truques, as jogadas e as que estão, conscientemente, perdidas nas mangas, nos bolsos, nos colarinhos. Esperar e desesperar pelo mesmo dessa parte. E, depois, concluir que nenhum de nós detém os trunfos e que é no baralho que sobejam as copas.
Vá, não resistas! Por uma primeira vez, ainda que seja a última, deixa-te conduzir, até por sítios que já conheces, e permite-me que te sente neste banco e que te abra o jogo. Tens uma imensidão de espaço para perderes o olhar, a atenção, o sentido, as minhas razões. Não precisas nem de escutar. Já me perdi no tempo com exigências. Somente ouvir e acenar “que sim”. Até pensando “que não”.
E, então, convenceres-me de que vale a pena.
Mesmo sem valer.
Jaque, obrigada pela imagem. Se soubesses como me queria naquele banco não terias adivinhado. Deviam existir réplicas transportáveis, pós mágicos que me pusessem aí.
Ou talvez não… para não cair na trivialidade das coisas que não dão luta.
Assim tem outro encanto.
Um beijinho,
Sara.
2 comentários:
por mais k leia e releia, dou voltas e voltas e acabo por me encontar sempre no k xcrevest..
as coisas não se kerem fáceis, mas há coisas k dão luta DEMAIS.. ;)
Sara:
as x lutar por dentro não é suficiente, é preciso lutar por fora tb.. não podemos ser xcravox dos meds, por mt trabalho k nos dê fintá.los! (tu percebes, eu percebo..)
beijinho
**
=)
Jake
Olhar esta foto... ai se esse banco falasse... diria tantas mas tantas coisas sobre mim e as pessoas que comigo ai se sentaram (ou deitaram)...
Há lugares assim, quase mágicos que nos fazem esquecer tudo o que se amontoa à nossa volta... pequenos gestos, pequenos tempos que se transformam em grandes manifestações de carinho e amor!
Partilhar o que de mais belo guardamos dentro de nós, mesmo sabendo que o outro pode não sentir o mesmo pulsar do coração.. mas vale sempre a pena dar o primeiro passo... ir ao encontro daquilo que tantas vezes sonhamos em silêncio no escuro do nosso quarto... acredito que vale mais dizer o que sentimos mesmo que seja rejeitado do que guardar em forma de mágoa o que podia ter sido!
Ir à luta por aquilo em que acreditamos já é uma grande vitória!
Senta-te aqui comigo neste banco, olha o mar e a sua imensidão... será este mar o marco da partida, mas será também este paredão o sitio do reencontro quando voltar na brisa suave de uma onda...
Um dia vamos escrever um livro... e neste mesmo banco vamos folheá-lo com a simplicidade dos gestos que constroem a cada dia a nossa forte amizade!
As palavras são tão limitadas quando se pretende exprimir o que não tem explicação :)
Acredito na serenidade dos dias passados à beira-mar, acredito no amor infinito, acredito num novo amanhecer, acredito em cada onda que traz um abraço profundo à praia... acredito que não são precisos pós mágicos para mudar o rumo da história pois está em nós esse grande passo!
Um beijinho com sabor a (a)mar!
Teresa
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