terça-feira, outubro 10, 2006

Sugestão

“ […] É a raiva de querer dissecar o corpo e a alma, é a paranóia de querer reduzir o que somos às combinações bioquímicas, retirando-nos a capacidade de nos ultrapassarmos pelo pensamento, pelos afectos, pelos sentimentos, pelas intuições.
O Poeta da vida era mais um cadáver na sala de anatomia, exposto ao bisturi dos alunos e aos comentários “sábios”, mas desumanos, dos professores. Não fora a resitência persistente do jovem caloiro, obcecado em descobrir que vida estava por trás daquele corpo gélido, e nunca teriam descoberto que, afinal, fora o grande mestre dessa mesma escola de medicina.
Foi preciso entrar no mundo dos psicóticos, fazer empatia com os sem abrigo, para descobrir que, naquele suporte material agora cadáver, vibrou muita vida, passou muita ciência, misturaram-se muitos sentimentos, pairaram muitas angústias. Daquelas mãos saíram muitas intervenções cirúrgicas que deram vida; daquela cabeça, jorraram torrentes de formação para muitos daqueles que, agora, o dissecariam como anónimo.
Leiam a Saga do Pensador, de Augusto Curry. Descobrirão, com certeza, que o ser humano não se esgota na sala de anatomia, nem no mais sofisticado laboratório. Aprenderão que mesmo os desarranjos biológicos e psicológicos são portadores de imensas surpresas positivas - formas ricas, mesmo superiores de vida!
Perceberão, seguramente, que a vida, mesmo morta, dá muito mais lições do que as de anatomia. E talvez comecem a respeitá-la de outra forma, como osolegas e mestres do jovem estudante! Pode mesmo acontecer que se convençam de que vale a pena servir a vida, libertando-a, em vez de a manipular."
Pe Querubim Silva
in Correio do Vouga

Às vezes fico extasiada com a persistência com que algumas coisas, a acontecer no futuro, vão rondando nos meus dias e pairando aqui e ali, como que à espera do momento certo para acontecerem. Este livro estava destinado a vir parar à minha mesinha-de-cabeceira.
Agora me lembro de que, já no ano passado, o nosso professor de Psicologia o tinha recomendado. Descubro, também só agora, que no recorte do Correio do Vouga que tinha guardado e até sublinhado, também o Pe Querubim Silva o recomendava. A verdade é que o comprei, recentemente e por acaso, num Modelo Bonjour, que existe na estação do Oriente, numa Sexta-Feira de regresso a casa.
Eu também o recomendo!

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