quarta-feira, novembro 01, 2006

À beira do charco - Ao espelho II

Se chover na madrugada em que eu procuro o meu caminho

Será vaga a nostalgia que outro charco faz viver

A canção lânguida e lenta de quem vai devagarinho

Em cada charco uma mágoa que não se pode esquecer



Tenho ideias que não tenho, sentimentos que não sinto

Sou imagem de outra imagem que se fez não sei de quê

Procurando a minha rota, descobrindo o que não minto

E o que mInto atiro fora para nascer outra vez



Não sou forte nem sou pedra nem sou muro levantado

Nem sou obra que se erga pouco a pouco, tempo fora

Antes sou como uma ideia que se despe do passado

Uma planta enraizada na sina da sua hora


Se chover na madrugada em que eu procuro o meu caminho

E eu cair em cada charco mas seguir por onde vou

Deixarei de olhar no rio de todos mas tão baixinho

Porque é mais profundo o charco onde o que vejo é o que sou.



Mafalda Veiga

Charco

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